NOSSO ADEUS AO INESQUECÍVEL AMIGO CÉLIO RAMIRES

      Quem conviveu com o Professor CÉLIO RAMIRES sabe de suas raras qualidades: amizade, companheirismo, espírito classista e vasta cultura.

     Poucos são os policiais ainda vivos que tiveram o privilégio, como eu, de ingressar na Polícia (a saudosa Guarda Civil do Estado de São Paulo) na mesma turma que ele, no longínquo ano de 1965.

      Cursamos a então Escola de Polícia, na rua São Joaquim, 580, e depois de formados fizemos o estágio de três meses, na Divisão de Reservas, no casarão da rua Martim Bouchard, no bairro do Brás. Depois, cada qual foi trabalhar em unidades de policiamento, no centro de São Paulo.

     Célio, que dominava o idioma Espanhol e tinha trabalhado durante três anos como Comissário de Bordo numa conceituada companhia de aviação, logo foi convidado a trabalhar na sede do comando geral da Corporação. Logo depois, prestou concurso para Escrivão de Polícia e foi escolhido para exercer as funções do cargo no importante Departamento de Ordem Política e Social – DOPS, onde ficou por um bom tempo.

      Extinto o lendário DOPS, Célio foi trabalhar em distritos policiais da Capital, aposentando-se com mais de 40 anos de serviço, na mais alta classe da Carreira de Escrivão de Polícia.

       De 1985 a 1988, integrou conosco a diretoria da Associação dos Escrivães de Polícia, quando demonstrou o seu acendrado espírito classista, desenvolvendo relevantes serviços junto ao Departamento Cultural.

     Célio era pós-Graduado em Geografia e História, tendo lecionado sobre essas matérias, além do idioma Espanhol, na APEOESP, no INSS e também aqui nas dependências da IPA-SP, nos cursos por esta mantidos.

     Sempre escreveu em nossas publicações, especialmente com suas excelentes narrações históricas em forma de crônicas, sob o pseudônimo de “Zerimar Oilec” – seu nome escrito de trás para a frente. A última delas foi publicada na revista “Newsletter IPA SÃO PAULO”, edição de abril/agosto, sob o título “Anacleto e os Diabos”, bastante interessante.

       Quando diagnosticado doente, Célio Ramires continuou freqüentando, por meses, a sede da IPA-SP, tendo até secretariado a última reunião da Diretoria, lavrando a que seria a sua última e impecável ata.

     Quando sua filha Valéria, que é psicóloga holística, nos ligou para comunicar o seu falecimento, disse, laconicamente: “Jarim, seu Amigo foi acender uma fogueira no céu”.  Nos minutos que se seguiram, ao ver-me com lágrimas nos olhos, a Secretária Gabriela procurou me confortar e eu disse a ela: “Era mais que um amigo, era um irmão”. No Memorial Pacaembu, no dia 18/12/2020, eu e o Professor Nilton Amorim, fomos levar o último adeus da IPA-SP ao seu querido ex-1º Secretário, Célio Ramires.

São Paulo, 21 de dezembro de 2020

Jarim Lopes Roseira

Presidente da Seção Regional da IPA-SP