Comunicado IPA-SP n° 100/2024
Srs. Associados, boa tarde:
Somente hoje, 10/10, através do obituário da Folha de S. Paulo, ficamos sabendo do falecimento, no último sábado, do Dr. JOSÉ OSWALDO PEREIRA VIEIRA, ex-Delegado Geral de Polícia, no período de 1984 a 1986, quando o governador era o saudoso André Franco Montoro.
O jornal fez a justiça de utilizar o seguinte título “Gentil e negociador, foi exemplo de servidor público”. Exatamente isso o notabilizou, certamente por toda a vida. Aprendi muito com a pouca convivência que tive com ele, sobretudo quanto ao seu modo de ser, austero, porém sem perder nenhum um pouco da humildade com que tratava as pessoas, indistintamente.
Amigo e compadre do governador, renomado professor universitário, respeitado em toda a Polícia, nunca se prevaleceu dessas circunstâncias e no exercício do cargo de Delegado Geral — depois Secretário Nacional de Segurança Pública — conservou a simplicidade. Certa vez contou-me que ao assumir esse último cargo, em Brasília, procurou por seu gabinete e lhe indicaram uma sala comum, com algumas mobiliários. Entrou, sentou-se à mesa e quando alguém lhe trouxe café, perguntou quem ocupava a outra mesa, ao que lhe disseram que era um coronel da PM local, que seria seu assessor. Perguntou pelos outros funcionários e a resposta foi: “Dr., o expediente aqui só começa mesmo na parte da tarde”…
Há cerca de 10 anos atrás, quando coordenador das JARIs (Juntas Administrativas de Recursos de Infrações) do DETRAN, ocupava uma sala comum e certo dia deparou com outra mesa que seria destinada a uma assessora ligada à diretoria do órgão. Por não ter sido avisado não voltou mais. Saiu, e com ele, em solidariedade, saíram todos os outros delegados que compunham as Juntas.
Quando ainda no cargo de Delegado Geral, enfrentou uma terrível tragédia: seu filho Celso Vieira Vilhena, jovem delegado de polícia no Vale do Paraíba, foi morto a tiros numa ocorrência policial, (hoje dá nome ao Centro de Direitos Humanos da Academia de Polícia). Seu sepultamento reuniu um dos maiores cortejos que a história da polícia registrou até hoje. Sem condições psicológicas, Dr. José Oswaldo, exonerou-se do cargo.
Foi assim a vida desse grande policial, que deixa um exemplar legado a ser seguido.
São Paulo, 10 de outubro de 2024
Jarim Lopes Roseira
Diretor Executivo da IPA-SP